BEATRIZ REY
  • Home
  • Research
  • Teaching
  • Policy
  • Journalism
  • CV
  • Blog
  • Contact

Random Notes

Thoughts on politics, fiction, and forgotten histories

On Hannah Arendt and responsibility

5/3/2022

0 Comments

 
I often go back to Hannah Arendt in moments of professional and personal crises. Yesterday as I read the news about the leak of a Supreme Court decision draft that would overturn Roe v. Wade I thought about her definition of education: the point at which we decide whether we love the world enough to assume responsibility for it and by the same token save it. We can think about citizenship in the same way. Becoming a citizen involves deciding that we love the world enough to assume responsibility for it. But how can we do that in a world that seems increasingly hostile?

I have developed a thick skin to assaults on freedom during the last years as both the country where I live (the United States) and where I am from (Brazil) are struggling with authoritarianism. But there is something about the rationale of the draft we have access to that felt like a punch in my stomach: Justice Samuel A. Alito says that women should not have abortion rights today because it was not customary for them to have those rights in the past. This justification erases the fight of women to obtain these rights - it is as if it had never existed. It erases us. 

It is hard to separate the fight for abortion rights from the fight to exist fully as a woman. My generation was already born into a societal structure that incentivizes us to act in whatever way we want because we are no different than men (even though I still deal with machismo on a daily basis). But my mom’s and my grandmother’s generations did not have that. Both of them suffered to exist in a patriarchal society that dictated what they thought and how they behaved. The fight for abortion rights signaled to society that our body is ours and no one else’s. No individual or institution should tell us how to make decisions about ourselves. Does anybody tell men what they should think or do?

As I was driving to work this morning I pondered on how I am supposed to be a citizen and take responsibility for this world when I’m being denied my very existence. Pessimism had taken over me until I reached DC. By the highway, I  saw a number of circulator bus drivers holding signs of protest as they are on strike. “We move this whole region”, one sign said. Yes, they do. And we, women, move this whole world. We continue to be citizens by imposing our existence (like the circulator bus drivers) in any way we can. We continue to be citizens by accepting our responsibility and taking ownership of the world. 
0 Comments

Sobre Arthur Lira, clientelismo, Schattschneider e expansão do conflito

4/28/2022

0 Comments

 
Em texto para a Folha de S. Paulo, eu e Mario Sergio Lima argumentamos que a melhor estratégia para combater os poderes excessivos do presidente da Câmara dos Deputados é fazer trabalho de oposição na base eleitoral daquele que ocupa esse cargo. Nosso argumento é ancorado no trabalho de E. E. Schattschneider, segundo o qual o resultado dos conflitos políticos são determinados pelo seu grau de contagiosidade. Como escrevemos no texto, a política não funciona como um jogo de cabo de guerra (em que só a força de uma das partes determina quem ganhará a disputa); quem assiste ao conflito também determina o resultado. 

Entretanto, algumas pessoas apontaram que seria inócuo levar o trabalho de oposição para a base eleitoral de Arthur Lira, o atual presidente da Câmara. Isso porque o eleitor em Alagoas não se preocuparia com os mandos e desmandos de Lira, mas sim com as benesses que recebe via emendas orçamentárias (legais e ilegais). A crítica é bem fundamentada. A literatura em ciência política aponta o baixo nível de desenvolvimento econômico como uma das condições para a existência de clientelismo. Faz sentido: em um país em que muitas pessoas vivem com o mínimo de dinheiro, os recursos das emendas orçamentárias representam ganho concreto e significativo. Um brasileiro que mora município de Inhapi (AL), cujo índice de desenvovlimento humano é baixíssimo, não se importará com esquemas de corrupção de Lira se o seu município acaba de ganhar do mesmo uma ambulância. 

Mario e eu pensamos em “trabalho de oposição” como embarcando uma série de ações. A princípio, seriam atividades de contestação: protestos, outdoors e até shows como o que Caetano Veloso fez no Congresso em março para impedir a aprovação de um projeto de lei. Mas também consideramos que organizações da sociedade civil poderiam empenhar esforços em campanhas de educação cidadã. O ideal seria que esse trabalho fosse feito pelo Estado. Mas é difícil até pensar em levantar essa discussão diante do desmonte do Ministério da Educação no governo Jair Bolsonaro. O brasileiro médio pouco sabe como funciona o sistema político de seu país: o que é o pacto federativo, qual ente federado é responsável por que parte de seu cotidiano, como o voto dele para deputado federal, estadual e vereador se traduz no dia-a-dia, etc. Uma organização com a 342 Artes teria braço pensar em uma ação localizada de educação cívica em municípios que são relevantes para a reeleição de Arthur Lira. 

Faço esse argumento com base na literatura de ciência política*. A ideia de que o clientelismo está associado a baixos níveis de desenvolvimento socioeconômico aparece no trabalho de Samuel Huntington já em 1968. Literatura mais recente explora a relação entre educação e/ou educação cívica e clientelismo e/ou compra de votos. De acordo com esses autores, a educação mina a compra de votos porque eleitores com níveis educacionais mais altos estão mais equipados para enxergar problemas sistêmicos e têm mais informação política para discutir os custos sociais dessa prática. Deixo mais referências sobre trabalhos que exploram esse tema abaixo. 

O que eu estou sugerindo vai dar certo? Não sei. Mas eu sou da turma que acha melhor tentar e dar errado do que não tentar e nunca saber o resultado. 

Referências

Carlin, R. E., & Moseley, M. W. (2021). When Clientelism Backfires: Vote Buying, Democratic Attitudes, and Electoral Retaliation in Latin America. Political Research Quarterly. https://doi.org/10.1177/10659129211020126.


Fox, Jonathan. 1994. “The Difficult Transition from Clientelism to Citizenship: Lessons from Mexico.” World Politics 46 (2): 151–84.

Greene, Kenneth F. 2021. “Campaign Effects and the Elusive Swing Voter in Modern Machine Politics.” Comparative Political Studies 54 (1): 77–109.

Pedro C. Vicente, Leonard Wantchekon, Clientelism and vote-buying: lessons from field experiments in African elections, Oxford Review of Economic Policy, Volume 25, Issue 2, Summer 2009, Pages 292–305.

Stokes, Susan C., Thad Dunning, Marcelo Nazareno, and Valeria Brusco. 2013. Brokers, Voters, and Clientelism: The Puzzle of Distributive Politics. Cambridge: Cambridge University Press.

Vicente, Pedro C. 2014. “Is Vote Buying Effective? Evidence from a Field Experiment in West Africa.” The Economic Journal 124 (574): F356–87.
​

*Outros fatores podem explicar a transição da política clientelista para a política programática, como configurações e timing da formação do Estado, instituições, arranjos de economia política e ideologia. Um resumo muito bom dessas perspectivas está neste artigo de Herbert Kitschelt. Obviamente essas visões não são mutuamente exclusivas. O meu próprio trabalho sugere o aparecimento de política programática na arena legislativa a partir da interação entre instituições e ideologia. 
0 Comments

Sobre o meu avô

4/13/2022

0 Comments

 
Picture
Tenho pensado muito sobre a minha família desde que a minha avó Odete se mudou de sua casa em Peruíbe para uma casa de repouso em São Paulo. Passei um mês em São Paulo entre dezembro e janeiro e pude visitá-la algumas vezes. Em uma dessas visitas, perguntei o que ela estava fazendo com tanto tempo livre. “Eu penso na minha vida”, ela disse. “Você pensa no vô?”, indaguei, ao que ela respondeu, “No seu avô e em tudo o que eu vivi”. Recebi a resposta dela com uma tristeza que não compreendi. 

Foi em busca de respostas para essa tristeza que peguei um calhamaço de fotos antigas e trouxe comigo para cá. São fotos da casa dela no Campo Limpo, de reuniões de família, de mim e do meu irmão do meio pequenos, do meu avô – muitas fotos do meu avô. Tenho passado manhãs e noites olhando para essas fotos e escrevendo sobre o meu avô. 

Ernesto Policicio era o nome dele, mas nós o chamávamos de Bolão por conta da barriga de chope (e ele então apelidou a minha mãe - que não tinha barriga de chope - de Bola).  Meu avô era, na média, um sujeito quieto e solitário. Passava parte do tempo sentado no murinho da casa dos meus avós ouvindo jogo ou música sertaneja no seu radinho de pilha. A outra parte ele passava em um quartinho na laje que abrigava um barril de cachaça e tranqueiras (ninguém lembra o que eram). Às vezes, jogava dominó com o pessoal da borracharia em frente de sua casa. 

De vez em quando, ele perdia as estribeiras. Uma vez, o cachorro dele (Neco ou Zulim, o nome variava de acordo com o dia) foi atacado por outro na rua. Ele entrou fulo da vida em casa pronto para pegar uma arma. “Onde o senhor vai, seu Ernesto?”, meu pai perguntou. “Vou matar aquele cachorro filho da puta que atacou o Neco”, ele esbravejou. Ainda bem que o meu pai estava lá para evitar a tragédia canina. Outra vez minha mãe, ainda pequena, estava no banheiro tomando banho, e meu avô precisava fazer o número dois. “Ai meu deus do céu, ai minha virge maria, sai do banheiro, Bola!”, ele implorava na porta do banheiro, como se o mundo fosse acabar. 

Ele cultivava curiosidade sobre o mundo. Trabalhou como mecânico por anos, mas o desejo de ter um salário melhor fez com que ele se esforçasse para ser fiscal de feira da prefeitura de São Paulo. Tinha uma máquina fotográfica que usava para registrar a sua vida. Queria viajar com o passaporte que tirou na década de 90, inclusive para a Itália, de onde a família dele (complicadíssima, parte da qual se suicidou) vem. Voltou para a escola para completar o ensino médio aos 50 anos e terminou o supletivo cheio de orgulho. 

O lado doce dele poucos conheceram. Vovô comprou um gravador de fita cassete com microfone para eu e meu irmão cantarmos nas tardes em que ficávamos com ele. Vovô também gostava de Natal porque via magia nas músicas natalinas. Vovô se emocionava ao ouvir a música “No Woman, No Cry”, de Bob Marley. Vovô gostava de me ver comendo e dizer “mangia che te fa bene!”. Quando minha mãe teve o terceiro filho, vovô a acalmou: “filha, eu fico com o Tutu do jeito que fiquei com o Gui, você vai poder continuar trabalhando”. 

Não deu tempo de ele cuidar do Tutu. Um dia, a asma e a bronquite o levaram para o hospital. Voltou de lá branco, quase transparente. Colocaram-no para dormir na sala da casa dos meus avós. Ali, ele me chamou e pediu gelatina colorida. A última imagem que eu tenho dele é esta: eu aos nove anos com os meu braços pequenos e finos entregando um copo de sobremesa com gelatina colorida para ele. Nunca mais o vi. Um dia ele existia, no outro deixou de existir, e eu fiquei aqui, nessa terra, sem o avô que eu tanto curtia ter. 

Em uma das fotos que eu trouxe comigo, estou comendo bisnaguinha e bolacha Maizena enquanto ele lê o jornal na sala da casa dos meus pais. Não sei dizer quantas horas já passei olhando para essa foto. Ontem, olhando bem para ela, tentei decifrar o meu avô: as frustrações que as linhas do rosto dele escondiam; o gosto pela solidão (será que é hereditário?); a relação dele com a bebida; o casamento aos trancos e barrancos com a minha avó; a inquietude que ele carregava mas não mostrava; o sentimento dele em relação à própria família; o significado de ser pai de dois filhos (minha mãe e meu tio) tão diferentes; e a expectativa dele para o futuro para além de morar na beira da praia. 

Só então entendi a tristeza que senti quando ouvi a minha avó na casa de repouso: ao contrário dela, que permanece viva até os 84 anos, o meu avô não teve a oportunidade de pensar sobre o que viveu. Ele deixou de existir subitamente aos 65 anos, e com a sua ida, apagou-se a sua trajetória sem que ele pudesse pensar sobre ela. Por isso eu trouxe as fotos de família comigo. Por isso eu escrevo sobre ele. Lá de cima, vovô está pensando sobre o que viveu através de mim.

0 Comments

On social democracy, nostalgia, and Babylon Berlin

3/1/2022

0 Comments

 
PictureThe best scene from Babylon Berlin
Last weekend I found myself sharing Brazilian food with Brazilians (of course), French, Irish, and German people. As I was eating “moqueca de peixe”, I was introduced to a professor of German literature who is also a historian of the Weimar Republic. I have been long fascinated by this period in German history. My fascination only increased after I read Sheri Berman’s fantastic article linking a strong civil society to the rise of the Nazi party upon the collapse of the Weimar Republic (this is quite a counterintuitive argument in political science). I could only understand why I am so attracted to this topic when I started reading her (also fantastic) book The Primacy of Politics - Social Democracy and the Making of Europe’s Twentieth Century. In the book, Berman tells the story of social democracy as both an ideology and a political movement. What fascinates me is not the Weimar Republic per se, but the intellectual debates about the viability of democracy and capitalism that occurred at that time in Europe. Berman immerses us in those debates so effectively that it almost feels like we are there, witnessing communism’s metamorphosis into national socialism/fascism or social democracy. The same historical context appears in Netflix’s Babylon Berlin, a series that takes place during the Weimar Republic. In the second season, a senior police official informs the chancellor (a social democrat) that certain circles are planning to assassinate him. He asks, “Communists?”, to which the official replies, “No, national forces”. Nostalgia is a dangerous feeling, but I can’t stop myself from wanting to go back in history to witness those intellectual (and political) developments firsthand. Especially because we still do not have good answers to the question those thinkers were asking: how can we produce a sense of social unity, a sense of community in a democratic and capitalist society? But alas, we are facing our own tough and historically important question (namely, how can we preserve democracy itself?) as we watch Vladimir Putin invade Ukraine. We are living history.

0 Comments

Poema para Twin Peaks

2/4/2022

0 Comments

 
Comprei um chaveiro verde musgo
do quarto 315 no Great Northern Hotel
em Twin Peaks, WA
- Drop in any mailbox
We guarantee postage - 
O chaveiro quebrou no dia seguinte.
Esperei o alicate de um homem
Esperei o alicate de outro homem
Esperei os alicates de todos os homens,
que nunca chegaram.

Anteontem comprei o meu próprio alicate.
Hoje consertei o chaveiro. Coloquei-o na chave do meu carro. 

Amanhã sairei em busca de um gigante e de uma torta de cereja
(quem sabe narrando as minhas aventuras para Diane)
com a esperança de um dia alcançar o quarto 315. 
0 Comments

São Jorge

2/2/2022

0 Comments

 
Picture
Não sou católica. Não me lembro do meu batismo. Não consigo nem dizer quem são o meu padrinho e a minha madrinha. Talvez seja mais fácil dizer que não sou religiosa. Cresci com a religião como parte da minha vida, mas os anos me trouxeram o ceticismo. E, depois, o zen budismo.

Ainda assim, quando escuto qualquer música sobre São Jorge, tremo. Comprei um vaso de espadas de São Jorge para colocar na minha sala. E tinha uma imagem de São Jorge no meu antigo apartamento.

Eu ando vestida, armada e cercada pelas armas de São Jorge. Eu estou feliz porque também sou de sua companhia.

Escutava "Ogum", de Jorge Ben Jor e Zeca Pagodinho, quando pensei sobre o porquê do meu apego a São Jorge. Estava no metrô lendo Lima Barreto. A verdade - ou uma delas - é que São Jorge me coloca em contato com o meu "eu" brasileiro. O meu eu que samba e que passa horas ouvindo Paulinho da Viola, Geraldo Filme e Cartola.

Para quem mora longe do país que um dia foi casa, o vínculo que resta é o cultural. Vivo a comida, a literatura e a música brasileiras. Do lado de cá, sigo a vida vestida com as roupas e as armas de Jorge.

0 Comments

Trinta e sete anos*

1/26/2022

0 Comments

 
Picture
Hoje, no dia em que faço trinta e sete anos, deveria escrever um texto sobre o que vivi até aqui. Um texto sobre como minha vida se desdobrou de maneira surpreendente: na próxima semana, eu, que saí do Campo Limpo e do Capão Redondo em São Paulo, começo a trabalhar no Congresso norte-americano. Um texto para atualizar aquele que escrevi com dezesseis anos na beira do Rio Tâmisa (naquele dia, decidi que moraria fora do país). Mas não sinto vontade de falar sobre nada disso. Quanto mais envelheço, menos entendo sobre a vida. Mais olho para tudo com impotência. Eis a única coisa que parece fazer sentido: para viver é preciso encontrar atos de preenchimento. Diante da incapacidade de compreender o que somos no presente e no futuro (que inclui o pós-vida), faz-se necessário preencher. 

Ler.
Estudar.
Viajar.
Ter um cachorro.
Cuidar da família. 

Foi o que aprendi nesses trinta e sete anos. 

*Texto de 25 de janeiro de 2022. 

0 Comments

My grandfather

12/14/2021

0 Comments

 
Picture
I don't know if there is a god in our universe, but if there is one, I would like to make a complaint to her: my grandfather should have lived longer. He passed away at 66, leaving not only my 9-year old self behind but also all of my other future selves in a deficit of his company. My grandfather loved Christmas. I think I learned to love it with him. He had a couple of vinyl records with instrumental Christmas carols - I can clearly remember a harp on the cover of one of them - that he played throughout Christmas eve and Christmas day. The memory of those songs sends me straight back to the living room at his and my grandmother's house, where their Christmas tree stood tall and majestic. He had a talent for making things special. Once, he bought a recorder so that my brother and I could record our own singing. Of course, me being me, I wanted to monopolize the microphone to sing my own songs. His voice saying "Bia, let your brother sing as well!" has been a source of comfort for me ever since. I wish I still had that cassette tape, but somehow it disappeared in one of the many times I moved to a different neighborhood, city, or country. My therapist told me recently that I have a "moving bug", and by that, he meant I need to move constantly. I think that is partly right. It is not the moving that attracts me, but the process of going to a different place and learning how to exist in it. I owe that to my grandfather as well. Right before he died, he got a passport (pictured above) because he wanted to explore the world. He also wanted to go to Italy, his home country, perhaps to understand where we come from and why our family struggles so much with mental illness. He passed his sense of curiosity to me. I carry it within me every day as I make decisions to initiate my own explorations of feelings, places, and times. He also taught me how to be happy by being alone. He would sit in the front yard of his house with his portable radio and listen to soccer games by himself. He would stay there for hours, without having a clue about what was going on in the world apart from his games. That is how I feel when I am reading fiction. I sit in my chair and stay there for hours without realizing what is going on around me. I am content that way. 

Sometimes I think about a life in which we could do all this - the exploring, the being lonely - together. I wish that life existed.
0 Comments

Ainda sobre emendas orçamentárias nos EUA

11/29/2021

0 Comments

 
Picture

​Dei uma entrevista para o Estadão sobre o funcionamento das emendas orçamentárias nos Estados Unidos. Aqui ressalto três informações que não mencionei durante a entrevista:

  • O título do texto no Estadão diz que as emendas orçamentárias não são moedas de troca nos EUA. Essa afirmação é parcialmente correta. É verdade que essas emendas não são moedas de troca entre o Executivo e o Legislativo (como acontece no Brasil), mas elas são usadas em barganhas intra-partidárias. Por exemplo, os líderes partidários podem usar as emendas orçamentárias como moedas de troca para atrair apoio à aprovação de projetos de lei polêmicos. É importante dizer que não há nada errado aqui. Emendas orçamentárias fazem parte do jogo legislativo (desde que sejam transparentes). Esse troca-troca gera benefício duplo, já que aumenta a chance de aprovação desse tipo de projeto e leva recursos às bases eleitorais.
  • Os partidos Democrata e Republicano iniciaram uma moratória informal no uso das emendas orçamentárias também por conta do aumento no número de emendas e no montante de dinheiro liberado via emendas ao longo dos anos. Por exemplo, em 1994, os parlamentares enviaram 4.126 emendas, número que subiu para 15.877 em 2005. O valor total associado às emendas passou de US$ 23,2 bilhões em 1994 para US$ 47,4 bilhões em 2005 (esses valores representam percentuais pequenos em relação ao orçamento total norte-americano).
  • Na entrevista, explico que houve uma moratória informal no uso das emendas orçamentárias na última década. Isso realmente aconteceu, mas alguns parlamentares driblaram esse acordo pressionando burocratas no Executivo a liberar verbas em benefícios de suas bases eleitorais.

0 Comments

On looking back

11/18/2021

0 Comments

 
Picture
Picture
This morning I received two childhood pictures from a friend that left me with an avalanche of feelings. Both were taken in a house that belonged to my parents’ friends, Betânia and Santiago, located in Peruíbe, a coastal city in the state of São Paulo. In the first one, I’m riding my bike in the front yard. In the second, I’m sitting with my mother in the living room. 

It is a life coincidence that I obtained these the day after I watched the movie “Belfast”, which depicts the anguish of those who leave their homes without ever being able to feel unattached to it. I know this anguish a little too well. 

The pictures show a house whose construction was barely finished. For as long as I can remember Betânia and Santiago’s house stayed like that because (I think) there was no money to finalize the construction process. Some of my best childhood memories come from their house. While now it looks small, I perceived the front yard as immense at that time. I had so many adventures by myself or with Cida (who sent me the pictures) and Patricia (Betânia and Santiago’s daughter) there. I also remember the food that my mom and Betânia cooked for us. I can even taste the bolognese spaghetti on the glass plate they prepared after a long morning at the beach. 

My big smile in the first picture is a testament to how special that time was for me. At the end of the movie “Belfast”, a grandmother watches her family leave the city as she stays behind. She says, “leave now and never look back”. I wish it was that simple, but as an immigrant looking back is all I have. As I face a culture that is strikingly different from mine on a daily basis, my past memories put me in touch with who I actually am. That is the self I never want to disappear in me because it is able to feel happiness in daring conditions. For immigrants, looking back is a survival mechanism. 
0 Comments
<<Previous

    Author

    Beatriz Rey is a political scientist and a writer based in Washington, D.C. 

    Archives

    May 2022
    April 2022
    March 2022
    February 2022
    January 2022
    December 2021
    November 2021
    October 2021
    August 2021
    April 2021
    November 2020
    October 2020

    Categories

    All

    RSS Feed

Proudly powered by Weebly
  • Home
  • Research
  • Teaching
  • Policy
  • Journalism
  • CV
  • Blog
  • Contact