Não sou católica. Não me lembro do meu batismo. Não consigo nem dizer quem são o meu padrinho e a minha madrinha. Talvez seja mais fácil dizer que não sou religiosa. Cresci com a religião como parte da minha vida, mas os anos me trouxeram o ceticismo. E, depois, o zen budismo. Ainda assim, quando escuto qualquer música sobre São Jorge, tremo. Comprei um vaso de espadas de São Jorge para colocar na minha sala. E tinha uma imagem de São Jorge no meu antigo apartamento. Eu ando vestida, armada e cercada pelas armas de São Jorge. Eu estou feliz porque também sou de sua companhia. Escutava "Ogum", de Jorge Ben Jor e Zeca Pagodinho, quando pensei sobre o porquê do meu apego a São Jorge. Estava no metrô lendo Lima Barreto. A verdade - ou uma delas - é que São Jorge me coloca em contato com o meu "eu" brasileiro. O meu eu que samba e que passa horas ouvindo Paulinho da Viola, Geraldo Filme e Cartola. Para quem mora longe do país que um dia foi casa, o vínculo que resta é o cultural. Vivo a comida, a literatura e a música brasileiras. Do lado de cá, sigo a vida vestida com as roupas e as armas de Jorge.
3 Comments
10/7/2022 03:39:03 am
Detail director enter bed anyone nor leader. You lay reason ready season.
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9/15/2024 11:29:27 pm
It's fascinating how cultural and personal connections can transcend religious boundaries. Despite not being religious, your deep resonance with Saint George reflects a profound link to your Brazilian heritage and identity. The way Saint George’s symbols and songs evoke such a strong emotional response highlights how powerful cultural anchors can be. Even from afar, immersing yourself in Brazilian music, literature, and traditions keeps that vital connection alive. It’s a beautiful reminder that our roots and heritage often shape us in ways we might not fully expect.
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AuthorBeatriz Rey is a political scientist and a writer based in Washington, D.C. Archives
February 2023
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